Como fica a moda pós-pandemia?
A moda é a arte das ruas, é a interpretação e expressão do mundo
contemporâneo. Pensando nisso, como imaginamos o futuro dessa indústria? Como
fica a moda pós-pandemia?
Nesse texto eu nem vou entrar no mérito do e-commerce, pois
acredito que marcas de moda que não estejam presentes na internet realmente
estejam fadadas ao fracasso, como foi o caso da Forever 21. Vou focar o meu
pensamento no comportamento do consumidor e no futuro da moda em si.
Mesmo com estudos de mercado e pesquisas, acredito que é
muito difícil chegar a um veredito sobre esse tema. Ninguém sabe ao certo como o
mundo de uma forma geral vai ser e como a sociedade vai se comportar no futuro,
mas existem algumas análises que parecem ser mais coerentes e que, na verdade,
já vinham acontecendo lentamente.
Uma das possibilidades de futuro é que as marcas e estilistas
preocupem-se mais com o design e com a funcionalidade das roupas. Provavelmente
a tecnologia de tecidos terá um grande avanço e novidades, como os tecidos
antibactericidas, devem surgir.
Outra questão que está em ampla discussão é a sustentabilidade,
a produção e o consumo excessivos. Estamos nos aproximando do FIM DOS EXCESSOS?
Várias transformações na indústria da moda já estão sendo
antecipadas, como os calendários de semanas de moda (que passam a ser online),
a questão de que a sustentabilidade passa a ser o foco das marcas e dos consumidores,
o timing de produção com relação ao tempo que o produto fica na loja, etc.
Toda a cadeia de moda está (e DEVE) ser repensada. Esse era
um problema que já vinha se arrastando por algum tempo e a pandemia acabou colocando
uma lente de aumento em uma questão que não dava mais para ‘deixar pra lá’.
O Novo normal NÃO EXISTE. O que talvez exista seja um NOVO
OLHAR e uma ampliação da consciência. Coisas que antes era fáceis e naturais de
ignorar não podem mais ser ignoradas.
Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci, disse
recentemente que “a esperança é de que nunca mais voltemos ao 'normal', pois a
vida que vivíamos antes era terrivelmente insustentável".
Pensando no tempo presente, no HOJE, notamos que a
SENSIBILIDADE está a flor da pele e a capacidade de adaptação é a chave.
As marcas precisam entender quem é seu público, sua
comunidade e ter consciência do que devem ou não devem falar em suas redes
sociais. O que pode afetar os seus seguidores e consumidores de forma negativa?
Você agrega valor de alguma forma?
Claro que não existe apenas um tipo de consumidor, logo, não
teremos apenas um tipo de ‘retorno’ ao consumo.
Existem sim as pessoas que pensam em todo o processo e que
estão mais suscetíveis a comprar de marcas locais e repensar o consumo de uma
forma geral, mas temos também as pessoas que simplesmente irão ignorar tudo
isso e voltarão a consumir como antes. Depois que a quarentena acabar,
provavelmente veremos incentivos ao consumo e ao crédito e algumas pessoas voltarão
a comprar como antes, as vezes para suprir ansiedades e tristezas, outras vezes
porque não tem conhecimento sobre como o consumo desenfreado impacta o meio
ambiente, ou simplesmente porque não dão a mínima.
É uma visão muito romântica achar que todos iremos nos
preocupar com o planeta e com a forma como consumimos. Eu sou otimista e
acredito que, um dia, mais pessoas pensarão de uma forma ‘sustentável’, mas não
vejo esse shift acontecer agora.
Acredito que o futuro será pautado em um olhar mais
minucioso com relação ao planeta. Na moda, a QUALIDADE torna-se o foco.
Os preços continuam sendo importantes, claro, mas as pessoas
vão prezar pela qualidade das peças e pelo conforto. É nesse ponto que entra o
design.... como as marcas irão criar peças que sejam bonitas, confortáveis e funcionais?!
No sentido mais amplo da moda, a tendência perde um pouco o
sentido. Acredito que iremos viver uma euforia de liberdade pós-isolamento
social. Todos vamos querer viver intensamente, abraçar, dançar, pular e sermos
vistos. A moda voltará a ter um sentido de expressão de personalidade... pelo
menos é o que eu espero!
Uma coisa é certa: devemos dar mais destaque para a moda
confortável, para modelagens mais amplas, para os pijamas, lingeries e para os acessórios,
golas e mangas (as partes que aparecem quando nos apresentamos nas telas dos
celulares).
As cores em tons pastel nos trazem calma e bem-estar e
prometem vir menos adocicadas e mais sóbrias e ‘empoeiradas’. As tendências pós-isolamento social são cores que nos remetam aos prazeres simples da vida e a
enaltação da natureza. Algumas das apostas do WGSN são o Butter (nude),
o Olive Oil (um verde quase militar), o Mango Sorbet (amarelo
tropical), o Atlantic Blue (azul ‘oceano’) e o Orchid Flower (roxo).
Como eu disse no início, ninguém sabe ao certo como o mundo
de uma forma geral vai ser e como a sociedade vai se comportar no futuro, mas acredito
que estamos, aos poucos, evoluindo e aprendendo a lidar com o consumo de uma
forma mais inteligente.
O minimalismo, que preza por um estilo de vida mais simples
e com menos ‘coisas’, parece mais óbvio agora. Todos estamos vivendo com menos.
Quem de vocês calçou sapatos de salto alto ou usou bolsas desde que a
quarentena começou?
Estou curiosa para ver o rumo que a moda vai tomar ao longo
dos tempos e, como disse, sou otimista. E vocês, como enxergam a moda no
futuro?
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